IORÉ - Processo de criação

                       


"Alguém que nasce dentro da floresta, num estado que nos remete a origem da humanidade. Após ter contato com os bichos da mata, Ioré começa a ver, escutar, sentir e se comunicar com as figuras ancestrais da floresta. Quem vai querer mudar pra longe do rio?
Depois de cair do galho com a Sucuri, Ioré se lança de carona numa grande aventura, e chega no caos da cidade do círculo XXI. Lá pelas bandas do desconhecido, com muito custo, Ioré consegue compreender as relações das pessoas da urbe, e descobre os seus valores. A partir disso, começa a emergir dentro dessa nova sociedade. Quando consegue ocupar o lugar que todos desejam, se frustra e decai, vertiginosamente... A ascensão e a queda do herói."

    A criação do espetáculo brincante "IORÉ" ocorreu entre os meses de junho e novembro de 2015 totalizando 25 encontros. Para construção deste trabalho, o Coletivo Peabiru Teatro se utilizou da abordagem junguiana, relacionando a história de Ioré com muitas outras da cultura humana, ligadas ao mito do herói.






Ioré nasceu,
Dentro da mata.
Tem a força da planta, da terra,
Dos bicho e da água.







       Assim, o trabalho une a música, o teatro, a dança, as artes plásticas, além do modo das celebrações das brincadeiras tradicionais, como o Boi-de-Mamão (SC), Cavalo Marinho (PE) e a Congada (MG). Trazendo a tona o valor do sertanejo catarinense, o Caboclo, principal figura da Guerra do Contestado. A brincadeira representa a vida de Ioré, uma figura que permanece aquém na floresta.

    Cortejo, cantos, danças, tambores, pandeiro e moda de viola abrem o caminho carregado de fé, e à atenção do espaço é convocada. Criando desta forma, um mundo onde o enredo sertanejo se desenvolve, não apenas refazendo o resgate histórico cultural, mas sim, a criação e meio de expressão humana entre a contemporaneidade e o tradicional no viés artístico. "IORÉ" resgata a história daqueles sertanejos que se viram entre a vida na floresta e a vida na cidade.

Ioré é forte, 
Mas também é frágil. 

Vem a Sucuri ajudá, 

Para um grande ato.

           

A Sucuri é sábia, 

Ela traz desafio. 

Vai ajudar Ioré 

Atravessar o rio.


      Encontrar nesses dois mundos (a natureza e o progresso) um equilíbrio para que possa continuar a sua caminhada é o desafio de Ioré; deixar para trás o conhecido e desbravar esse desconhecido mundo, chamado de cidade. A peça trás como problema social a saída do sertanejo de sua terra, o desmatamento e o advento da cidade. Será que ele aceitará a proposta de deixar para trás seu reduto em troca da cidade?

Traturista vem pro mato,
Ele vem agora.
Ele tira couro, garimpa,
E arranca tóra.



A figura quer falar (deixa falar)
Vamo tudo escutá (bóra escutá)
A figura quer dançar (dançá, dançá)
A batida vai para (pará, pará)





APRESENTAÇÕES

"IORÉ" foi apresentado em quatro intervenções realizadas entre os meses de agosto e outubro, em duas cidades do estado (Florianópolis e Caçador). Atingindo um público de mais de 1000 pessoas:

Festa do Folclore 2015 na Escola Desdobrada Costa da Lagoa (29/08/2015)
Fotos: Laís Eloá

I Semana do Contestado na Câmera Municipal de Caçador/SC (21/09/2015)
Fotos: Marina Laet

9º Encontro Estadual dos Sem Terrinha SC na UFSC - Campus Trindade (15/10/2015)
Fotos: Leticia Coelho e MST

BRECHA - Mostra Paralela Isnard Azevedo no Célula Showcase (20/10/2015)
Fotos: Yuri Brah

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