Ministrante: Cristiane Velasco
Realizado nos dias 10, 11 e 12 de Abril de 2015
Na Casa Amarela
Participaram: Renato da Costa e Vitor Ribeiro
Relato: No primeiro dia, na sexta-feira, tivemos um encontro com Marina Abib, bailarina da Companhia de Antonio Nóbrega e fundadora da Companhia SOMA. Numa grande roda, aprendemos o passo da brincadeira do coco, manifestação latente no nordeste do nosso país. O passo foi transmitido de forma didática e aos poucos variações foram acrescentadas, transformando tudo numa grande brincadeira.
No segundo dia, conhecemos a Cristiane Velasco, brincante e contadora de histórias. Ela se apresentou como uma legítima contadora, contando a historia: “O Rei, Três Laranjas e a Feiticeira” - nome da história criado por mim. A partir dessa vivencia lúdica conversamos e discutimos pontos deste fazer: para Cris “se a contação tem uma receita é a frase: eu estava lá” no final da narração. É importante que quem conta se faça presente na própria história, como foi o caso da dança flamenca - que está dentro da formação artística da educadora e foi inserida como poética dentro desta primeira história.
Uma única estrutura: Uma valiosa dica da educadora foi em não decorar texto, e sim ir pelas imagens que a historia propõe, mas é importante manter as palavras chaves, tendo o fio da narrativa bem clara para brincar com a “roupagem”. É importante observar que estrutura é diferente da roupagem.
“O olhar do adulto crava a liberdade da criança”: Procurar olhar as historias e suas situações pela via da criança, do lúdico e não do adulto, que tem forte o racional.
"Não atirei o pau no gato-to-to, porque isso-so-so não se faz-faz-faz. O gatinho-nho-nho é nosso amigo-go-go, não devemos maltratar os animais, Miau”
(Releitura da cantiga “Atirei o pau no gato”)
O politicamente correto: Nos dias atuais há uma releitura de muitas historias e cantigas clássicas, como por exemplo, o atirei o pau no gato. Porém para Cristiane devemos apresentá-las para as crianças na primeira infância, abrindo a possibilidade para mais tarde atualizar e desconstruir essas histórias. Além do que, as personagens “más” e situações ruins da história são partes das manifestações dos sentimentos de medo, raiva, tristeza, dor. E que fazem todos elementos de um mesmo ser. É importante a criança conhecer e vivenciar todos esses sentimentos, alegres e sombrios presentes no herói e no vilão respectivamente, construindo a personalidade do individuo.
“A história como reza”
Existe uma diferença entre as histórias de mitos, os causos e os contos. O primeiro é relacionado aos povos ancestrais e possuem elementos simbólicos que permeiam diversas culturas, os causos são as chamadas histórias de boca, contadas no cotidiano. E o terceiro são os contos de encantamento, de fadas. No caso dos contos indígenas não possuem uma mensagem final ou um ápice, o que importa é o ato do encontro para contar e ouvir historia.
Nas historias tradicionais os personagens sempre representam algo simbólico: ex. pássaro > sonho, conselho espiritual; anciã > a sabedoria, ancestralidade.
A música na contação funciona como um elo de conexão entre contador e o público. Deve-se considerar a criação de um ritual inicial para assim se dar o elemento da historia, desta forma o ambiente se torna mais orgânico, e a relação mais horizontal. Assim como o encerramento. As historias tem o poder de levar o individuo para outro tempo.
No terceiro e último dia realizamos alguns exercícios práticos da metodologia que Cris segue:
Exercício 1: A contadora apresenta uma historia, após este momento em roda uma pena é passada de mão em mão, acompanhada de uma música:
“Avoou, avoou, avoou, deixa voar,
Quem ficar com a pena a historia vai contar…”
Em quem a pena parar a história deverá contar… Detalhe: estão todos de olhos fechados. Após a história chegar ao seu fim, no segundo momento a história deverá ser contada pelo ponto de vista de outros personagens.
Exercício 2:
Divididos em dois grupos, recebemos um conto escrito. Após cada grupo realizar uma primeira leitura. São dadas algumas tarefas:
· Separar o conto em oito partes, pensando nas transformações da historia expostas pelo corpo do contador. Por quais estados eu passo? Ex. fogo, água, terra, ar…
· Criar oito fotografias usando apenas o corpo, pensando em suas transições;
· Acrescentar elementos de cena, como tecidos e objetos;
· Incluir sonoplastia para cada uma das fotografias;
Cristiane nos contou outras histórias, foram elas:
· O Papagaio Real
· Dom Maracujá
· A Véia da Gudéia
· O bolinho fujão
· Maria Sabida e João do Uia
Por Renato da Costa.
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